quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Que Punha de Baca!

Munto benhe, c' ridos leitores,

Esta coija de mesturar a escrita co' a fala e a fala co' a escrita xempre foi defícel d' intendere.
Cuntudo, acunteça o c' acuntecer, está xempre a dare.
No' xítios onde bamos: nos cafézes, nas mercearias, nas escolas... estamos sempr'a oubire coisas estrainhas que nos moem as intranhas, especialmente a nozes, professores, é claro.
Pois! É qu' imbora eu isteja p' ráqui a falare assinhe, cunforme eu ouço munta gente a sortar a língua e abrire a boca inté ó fundo, à graganta, quale graganta funda sempre pronta a sortare as bacas do istábulo, na berdade quaise nunca falo assinhe, debo dezeri.

Ouviram bem, meninos e meninas? Leram bem, senhoras e senhores?
É que, embora por vezes até fale mal, ou melhor, em português que não corresponde à norma, fale em português minhoto, bem minhoto, quero dezeri, redijo quase todos os meus textos utilizando essa norma nas comunicações que tenho com os outros.
Correctamente, é claro. Ou pelo menos, 99,999% correctamente pois não posso nem quero afirmar, como o outro de todos bem nosso conhecido, que nunca tem dúvidas e, além disso, raramente se engana. Reconheço, portanto, ser o como o mais comum dos mortais e não ter qualquer propensão a ou desejo de o não ser.
Com esta meia dúzia de afirmações pretendo apenas aqui esclarecer e deixar à comunidade o seguinte:
Ensino os meus alunos a a falar - ou melhor, a ouvir - e a escrever a norma do português, sua língua de união entre as diversas comunidades de falantes, mas não os ensino a falar outra língua que não o português regional do Minho, língua característica da sua verdadeira cultura.
Na minha óptica devemos ensinar as nossas crianças a distinguir os "bês" dos "vês" mas não os devemos obrigar a utilizar, na fala, os vês correctamente.
E quem diz este caso, diz os muitos outros que se nos aplicam...


Pedro Costa